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sexta-feira, 17 de junho de 2011

SÃO JOÃO NO RECÔNCAVO: Guerra de Espadas proibida pela justiça em Cruz das Almas -Ba


Matéria do Correio On Line de 17/06/2011

Cruz das Almas: Justiça declara guerra às espadas

Juíza proíbe uso mesmo em dias e locais indicados como permitidos

“Ela não entende nada de tradição”, esbravejava ontem o vice-prefeito de Cruz das Almas, Valtércio Cerqueira (PSDB), responsável pela organização do São João do município, localizado a 146 quilômetros de Salvador. Ele se referia à juíza da Comarca, Luciana Amorim Hora, que aceitou um pedido de ação cautelar do promotor Christian de Menezes, do Ministério Público Estadual (MPE), proibindo a tradicional guerra de espadas da região.

Promotor argumenta que fogos são perigosos para a população; vice-prefeito afirma que vai recorrer
A decisão não proíbe apenas a guerra, mas também prevê mandado de busca e apreensão de todas as espadas nas ruas da cidade, seja ou não em dias comemorativos da festa junina, ainda que em ruas e dias sinalizados como permitidos pela prefeitura.
A decisão saiu ontem e ainda cabe recurso. “Estamos prestando esclarecimentos, como manda a lei, e assim que chegar a liminar vamos encaminhar ao setor jurídico para estudar como vamos fazer isso”, explicou Valtércio, no fim da tarde de ontem. Ele reclamou ainda que a proibição vai prejudicar muito o turismo na cidade, conhecida pelas famosas guerras.

JUSTIFICATIVA

A argumentação da MPE gira em torno da integridade física dos moradores da cidade e do patrimônio público. “Não se concebe como possa a municipalidade agir com tamanho grau de irresponsabilidade diante dos consideráveis danos a cada ano reiterados à incolumidade física de pessoas, ao seu patrimônio, aos bens de domínio público, ao direito de locomoção e ao próprio meio ambiente, sem que venha a ser cobrada por cada um destes danos”, afirma o promotor, em nota.
Procurado, o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim, disse ter sido pego de surpresa e não quis comentar o assunto. A proibição, porém, já gera polêmica. “É uma decisão precipitada, inconsequente, arbitrária e culturalmente desinteligente”, enumerou o antropólogo Roberto Albergaria.
“Acho correto proibir. As espadas são muito perigosas e causam muitos acidentes”, defendeu o médico Marius Wert, que faz cirurgias reconstrutoras em queimados. Ele ensina o que fazer no caso de queimaduras. “Não passe nada, apenas lave em água corrente, com sabão e, dependendo da gravidade, procure um médico. Passar manteiga, clara de ovo ou borra de café só vai infeccionar o ferimento”, aconselha. No ano passado, foram registrados 51 feridos por espadas em Cruz das Almas, só na noite de São João.

Autor de um estudo sobre a guerra de espadas, o professor da Unime Acúrcio Esteves, especializado em folclore e cultura popular, acha difícil prever os impactos da proibição no turismo do município. “É imprevisível. Pode ser que diminua por perder esse atrativo, mas também pode ser que aumente, porque muita gente não vai pra lá por medo das espadas”, avalia.

APREENSÃO

A guerra às espadas foi decretada ontem, mas desde o começo da semana, elas têm sentido o peso da lei. Na quarta-feira, uma operação conjunta, as polícias militar e civil de Cruz das Almas apreenderam mais de duas mil espadas em uma fábrica clandestina no bairro de Lisboa.

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